Grêmio em busca de marcar histórica nessa noite “64 vezes ninguém bate a gente”

Esportivo x Grêmio entram em campo hoje a noite ás 20h (horário de Brasília), no Estádio Montanha dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, em jogo válido pela quarta rodada da primeira fase do Gauchão 2023. Líder e com 100% de aproveitamento, o Tricolor visita o Alviazul, que tem como objetivo principal a permanência na elite Esportivo que segue em na vice lanterna.

Histórico de confrontos entre Esportivo x Grêmio
De acordo com dados do site oGol, o Imortal leva larga vantagem no confronto histórico, com 63 vitórias em 92 jogos, além de 17 empates e 12 triunfos do Esportivo.
Levando em conta apenas jogos com mando da equipe de Bento Gonçalves são 51 encontros, com 31 triunfos do Grêmio contra 9 do Alviazul, além de 11 empates.
Como chegam Esportivo e Grêmio para a partida
Um dos times que garantiu acesso à elite do Gauchão no ano passado, o Esportivo soma apenas um ponto após a disputa de três rodadas, com um empate e duas derrotas. Depois de estrear perdendo em casa para o São José, por 2 a 1, a equipe do técnico Carlos Moraes ficou no 0 a 0 com o Aimoré, longe de casa. Já no último domingo (29), na Montanha dos Vinhedos, a equipe perdeu por 1 a 0 para o Brasil de Pelotas.

O Grêmio, por sua vez, soma três vitórias em três jogos, sendo duas longe de casa. Após bater o Caxias, de virada, no Centenário, por 2 a 1, os comandados de Renato Portaluppi fizeram 1 a 0 no Brasil de Pelotas, na Arena. No domingo (29), nova vitória pelo placar mínimo contra o São José, no Francisco Novelletto. O Tricolor ainda é o único time do estado com título em 2023, visto que bateu o São Luiz na decisão da Recopa Gaúcha, por 4 a 1.

A HISTÓRIA DO JOGO DA NEVE!

A chegada do inverno no Brasil é acompanhada de algumas cenas características: no noticiário, a cidade catarinense de São Joaquim volta a ganhar destaque – o que dificilmente acontece no verão. Nas ruas das cidades de Sul, Sudeste e Centro-Oeste, as pessoas se escondem sob casacos e gorros. E nas arquibancadas, o vento frio costuma espantar os torcedores – exceção feita a 3.988 corajosos que presenciaram o mais conhecido jogo de futebol do país realizado com neve em campo: Esportivo x Grêmio.

Foi em 30 de maio de 1979, em partida válida pelo segundo turno do Campeonato Gaúcho. Com três vitórias em três jogos, o Grêmio somava seis pontos (cada vitória ainda valia dois pontos) e era favorito à partida. Pela frente, o Esportivo de Bento Gonçalves – que vinha forte, com cinco pontos em três partidas, e que jogaria em casa, mas justamente contra o campeão do primeiro turno.

Bento Gonçalves, segundo o jornal Correio do Povo, convivia com uma intensa massa de ar polar e com um “clássico cenário para neve com uma alta pressão continental e um sistema de baixa pressão na costa”. Ou seja: no frio do inverno gaúcho, ninguém foi pego exatamente de surpresa com os flocos de neve que caíram sobre a cidade. A possibilidade era real.

Naquele dia, o tempo já frio da Serra piorou às 20h30, tornando menos atraente o gramado do Estádio da Montanha. Mais tarde, às 21h, com temperatura próxima do 0°C, os dois times entraram em campo para encarar o frio.

De um lado, o Esportivo do técnico Valdir Espinoza, com Jânio; Toninho, Carlão e José; Raquete, Tovar, Celso Freitas e Adílson; João Carlos, Néia e Rubem. Do outro, o Grêmio de Orlando Fantoni, com Manga; Vilson, Vantuir e Vicente; Dirceu, Vitor Hugo, Paulo César Caju e Jurandir; Tarciso, Baltazar e Jésum.

Sem experiência anterior com a situação, os dois times começaram a partida em ritmo lento. Aos 9 min, já com o campo marcado pela neve, Raquete acertou o gremista Tarciso com violência, recebendo cartão amarelo. Segundo o jornalista Ilgo Wink, então correspondente do jornal Folha da Tarde na partida, “os jogadores corriam muito mais para se aquecer do que para jogar bola”.

“O Jésum, um ponta habilidoso e rápido, passou perto de mim. Seu enorme bigode estava branco. Mais adiante, o carioca Paulo César Caju com sua cabeleira coberta de neve. Na área, o Baltazar pedia a bola, braços erguidos. Parecia que haviam congelado no ar”, conta ainda o jornalista.

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Os frios flocos de neve continuaram caindo no 0 a 0 do intervalo, quando o vento cortante já havia cessado. De um gol, era impossível enxergar o outro, tão ruim era a visibilidade. O árbitro Carlos Martins até mesmo admitia encerrar a partida antes do fim – não o fez, e o segundo tempo permaneceu sem gols. A partida terminou mesmo 0 a 0, com reclamações de Orlando Fantoni a respeito do rival. “É um time muito violento. É o jogo mais violento que já vi aqui no Sul”, dizia.

No fim do encontro, já com o empate sem gols decretado, os quase 4 mil torcedores presentes ao gélido Estádio da Montanha se divertiam com o cenário. O Esportivo de Bento mantinha a invencibilidade em casa, enquanto o Grêmio – como lembrou o jornal Zero Hora do dia seguinte – deixava se somar um ponto “na neve”. Posteriormente, o Grêmio ficou com o título gaúcho, deixando o próprio Esportivo com o vice-campeonato.

foto: zero hora

Ainda que o site oficial do Grêmio diga que a partida “ofereceu aos torcedores um espetáculo inédito”, o jogo em Bento Gonçalves não foi o primeiro com neve no Brasil. Em 17 de julho de 1975, Juventude e Inter de Santa Maria se enfrentaram em Caxias do Sul, em partida que terminou com vitória de 2 a 0 do Ju. Menos de mil torcedores compareceram ao Estádio Alfredo Jacconi para presenciar o feito.

Também em 30 de maio de 1979, Internacional de Lages e Avaí se enfrentaram em Lages com temperatura de -2°C. No dia seguinte, em Chapecó, Chapecoense e Criciúma mediram forças diante de 177 testemunhas, também com o gramado coberto por fina neve.

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