Críticas de Quinteros ao Grêmio expõem ferida aberta no futebol brasileiro

Após demissão, Quinteros critica o Grêmio e dispara contra a cultura do futebol brasileiro em cortar processos. Entenda a visão do ex-técnico tricolor.

Demissão precoce, ressentimento e críticas pesadas. Gustavo Quinteros, ex-treinador do Grêmio, não poupou palavras ao comentar sua saída do Tricolor após apenas três meses no cargo. Em resposta ao jornalista Diogo Rossi, o argentino naturalizado boliviano foi direto ao criticar a decisão do clube e apontar falhas recorrentes no futebol brasileiro, que, segundo ele, “corta rápido os processos”. Para o técnico, seu trabalho não teve o tempo necessário para maturar, mesmo considerando que o início da temporada não foi desastroso.

Quinteros ainda fez questão de reforçar que o cenário vivido no Brasil não é novidade. Ao citar suas passagens por Colo-Colo (Chile) e Vélez Sarsfield (Argentina), o treinador lembrou que também enfrentou dificuldades nos primeiros meses, mas que, lá, recebeu confiança para dar continuidade ao projeto — o que resultou em títulos. “Aqui foi diferente. No Grêmio, erraram em me tirar tão cedo”, cravou. O lamento de Quinteros joga luz sobre a já conhecida impaciência de dirigentes brasileiros.

Grêmio acelera ciclos e paga preço pela cultura imediatista

A saída de Quinteros escancarou uma ferida antiga no Grêmio e, de forma geral, no futebol nacional: a falta de paciência e planejamento sólido. Contratado para remodelar o elenco e modernizar o estilo de jogo, o treinador teve pouco respaldo diante das primeiras oscilações. O estopim veio com a goleada sofrida para o Mirassol, resultado que precipitou a demissão da comissão técnica inteira. Com um retrospecto de 19 jogos, oito vitórias, cinco empates e seis derrotas, Quinteros deixou Porto Alegre sem consolidar seu trabalho.

Fora dos planos gremistas, Gustavo Quinteros agora analisa seu futuro enquanto observa de longe o desfecho da reformulação tricolor. Sem projeto a longo prazo, o Grêmio recomeça mais uma vez do zero, flertando perigosamente com os erros do passado. A crítica do ex-comandante pode ser incômoda para quem ficou, mas é um alerta valioso para quem entende que futebol, mais do que nunca, é projeto — e não resultado imediato.