CESAR CIDADE DIAS: O Abandono do Grêmio em Relação ao Olímpico: Um Pai Esquecido

No meio das muitas controvérsias envolvendo o Grêmio, a administração da Arena e a área circundante ao estádio, as empresas que participaram da sua construção e as entidades governamentais estão cometendo um erro irremediável que merece uma reflexão profunda. Estou me referindo ao Estádio Olímpico.

O icônico “Velho Casarão” tricolor está sendo deixado ao abandono, deteriorando-se a cada dia, vítima de um descaso inaceitável por parte de todos os envolvidos. A trajetória do Grêmio está profundamente ligada ao bairro da Azenha, e ali repousa um monumento que nutriu emoções ao longo de diversas gerações.

O Largo dos Campeões testemunhou a alegria e as lágrimas de centenas de milhares de torcedores que preenchiam suas arquibancadas. Inúmeras histórias foram forjadas sob a essência daquele local.

O atual estado de abandono é uma afronta a valores fundamentais, como o respeito pelo passado e pela história. Tratar o antigo pavilhão erguido na década de 1950 e expandido no final dos anos 1970 como apenas concreto e aço é o equivalente a relegar a memória do Grêmio ao esquecimento.

Muitos dos indivíduos que contribuíram para a construção do Grêmio têm uma ligação profunda com aquele lugar. Hélio Dourado, Fernando Kroeff, Seu Petry, Paulo Santana, Tio Bitenca, Seu Verardi, Tarciso, Everaldo, Fábio Koff – de algum modo, suas presenças continuam nas arquibancadas, e todos eles sentem intensamente esse abandono.

A morada eterna dos tricolores já não testemunha novos capítulos, pois estes agora têm como palco a bela Arena. No entanto, o passado merece cuidado e reverência. É imperativo conceder-lhe o respeito e a compreensão que merece.

O Estádio Olímpico clama por isso. Ele desempenhou o papel de um pai dedicado, atento e manteve suas portas abertas para milhões de “filhos” ao longo do tempo. Deixá-lo nesse estado é o equivalente a abandonar um pai à própria sorte, sem abrigo, exposto aos elementos. Devemos envolver o Estádio Olímpico com carinho e empenhar-nos para que ele tenha uma despedida digna.

Afinal, o Estádio Olímpico é a figura paterna de todos os apaixonados pelo Grêmio. Resgatá-lo do esquecimento é um ato de amor e gratidão, honrando as raízes que fundamentam a grandeza do clube.