Grêmio: O investimento nas categorias de base do Grêmio e o custo

Porto Alegre, 20 de setembro de 2023 – A recente venda de Bitello, a aposentadoria de Jean Pyerre, os desafios com Kauan Kelvin, a aquisição de jogadores medianos e a persistente política de recorrer a jogadores experientes reacenderam uma discussão fundamental no cenário do Grêmio e em outros grandes clubes brasileiros: as categorias de base devem ser vistas como investimento ou como um custo para o clube?

Nos anos áureos, especialmente entre 2015 e 2019, o Grêmio colheu os frutos de grandes vendas de talentos formados em sua própria base. Nesse período, ficou evidente que as categorias de base eram consideradas um investimento sólido, com resultados palpáveis tanto no âmbito esportivo quanto no financeiro. A arrecadação ultrapassou a marca dos R$ 900 milhões, tornando-se um dos pilares do clube no mercado futebolístico.

Relação do Grêmio

Contudo, essa relação entre base e time principal sofreu uma transformação nos últimos anos. O Grêmio começou a investir em contratações onerosas, aparentemente deixando de dar a devida oportunidade aos jogadores formados internamente. O técnico Renato, no retorno em 2023, tentou integrar jovens talentos (como Ronald, Zinho, Gustavo Martins e Cuiabano), mas, gradualmente, os jogadores mais experientes tomaram conta da equipe, que hoje se encontra dominada por atletas contratados de fora.

Embora alguns atletas da base do Grêmio, como Gabriel Mec e Nathan Fernandes, tenham chamado a atenção, é notável que sua visibilidade no mercado seja mais fruto da atuação de seus empresários e de convocações para seleções do que resultado de um plano estruturado de utilização e desenvolvimento por parte do clube Tricolor.

Portanto, é essencial retomar a discussão sobre o papel das categorias de base no Grêmio. A grande questão permanece: a base deve ser encarada como um investimento para o futuro ou como um custo imediato? A resposta a essa pergunta moldará o rumo do projeto do clube de futebol, e o Grêmio precisa ter a maturidade necessária para abordar essa questão de forma assertiva. Enquanto o discurso pode ser fácil, a prática deve refletir o compromisso com o desenvolvimento de talentos locais e a integração efetiva dos jovens jogadores no cenário profissional.