Opinião Por: Lucas Elgui
Amanda, uma jovem de origens simples, habitava uma modesta casa junto à sua família. Tinha sonhos comuns, como qualquer garota de sua idade. Apaixonada por música e sempre pronta a auxiliar aqueles ao seu redor, mesmo os que não lhe eram favoráveis.
Criada com valores que, nos dias atuais, parecem raros, ela admirava a coragem e bravura necessárias para enfrentar os preconceitos que a vida lhe mostrava, de maneira crua e implacável.
Lembro-me como se fosse ontem, das noites frias e tristes em que ela me dizia: “O Grêmio é a minha única alegria”. Durante muito tempo, admito que desconsiderava essa afirmação, achando-a exagerada. No entanto, sempre a respeitei.
Quando os ventos começaram a soprar contrários em nossas vidas, percebi que Amanda tinha toda a razão. Era o ano de 2004, um período árduo para nós, gremistas. Nosso tricolor enfrentava uma das piores campanhas da história do Brasileirão, mergulhando-nos em uma avalanche que arruinou nossa moral e felicidade.
Em nossa vida pessoal, batalhas e adversidades sempre nos confrontaram, “como a nós, bons torcedores”. Tivemos um 2005 repleto de altos e baixos, cientes de que, independentemente da fórmula a ser aplicada, as coisas deveriam dar certo.
Amanda costumava dizer: “O Grêmio se confunde com a nossa vida”, e ela estava correta. O ano de 2005 passou, celebramos o retorno à série A com lutas e dificuldades. Sofremos ao ver o rival ganhando a América e o mundo. Tudo isso apenas alimentava o desejo ardente de Amanda pela glória eterna.
Dias vieram e se foram, a vida aplicou quedas, mas Amanda persistiu. Iniciou a missão de salvar vidas, encontrou o amor e permaneceu ao lado do Imortal.
“Meu maior sonho é ver a América azul, branca e preta, mesmo que seja a última coisa que faça em vida.” Com essa declaração poderosa e o sonho em mente, testemunhou a Copa do Brasil em 2016, a Libertadores tão almejada em 2017 e outra Recopa em 2018.
Ela desconhecia sua própria força, com a determinação dos orixás mais poderosos, combatia por causas nobres, como o Grêmio, combatia o racismo, a xenofobia e a homofobia. Sorriu, chorou, cantou e amou, sempre ao lado de seu grande amor, o Grêmio.
Dedicado a Amanda Carvalho de Lima Garcez, que me ensinou que o amor transcende vidas.
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