Historia do Grêmio
Nasce o Imortal
Historia do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, nasceu de uma bola de futebol, como deveria acontecer com um clube predestinado às maiores glórias. A trajetória vitoriosa começou com o paulista Cândido Dias da Silva, trabalhando há algum tempo em Porto Alegre e sua bola de futebol.
Nessa época apareceu na capital gaúcha a equipe de futebol do Sport Clube Rio Grande. Os ingleses e alemães que jogavam nos times de Rio Grande haviam sido convidados para uma exibição na cidade. No dia marcado, 7 de setembro de 1903, o campo da várzea ficou rodeado de curiosos. Cândido, com sua bola de baixo do braço, estava entre eles com a atenção redobrada.
Em dado momento, a bola dos ingleses esvaziou-se, para desapontamento geral. Cândido, mais do que depressa, emprestou a sua, garantindo o final da demonstração. Em troca, ao final da partida, obteve dos jogadores as primeiras lições sobre futebol e, principalmente, deles ficou sabendo como agir para fundar um clube.
Foi então, em 15 de setembro de 1903, que trinta e dois rapazes se reuniram no Salão Grau, restaurante de um hotel da Rua 15 de Novembro, atual rua José Montaury, localizado onde estão agora os fundos da Galeria Chaves e deram início à história de um clube vencedor, disposto a superar todos os desafios. Carlos Luiz Böhrer foi eleito o primeiro Presidente, sem jamais imaginar a projeção mundial que o recém-nascido clube um dia alcançaria.
Primeiros jogos, competições e títulos
O primeiro jogo do tricolor ocorreu em 6 de março de 1904, contra o FussBall Club Porto Alegre, fundado no mesmo dia que o Grêmio. Em uma jornada dupla (dois jogos na mesma tarde), o Grêmio garantiu as suas duas primeiras vitórias, vencendo ambas por 1 a 0. Em 20 de julho de 1904, o uniforme foi mudado para um modelo metade azul metade preto, marcando as eternas cores do Maior do Sul.
A primeiríssima competição disputada foi a Taça Wanderpreiss, dando início da edição em 6 de março de 1904, vencido pelo Grêmio contra o Fussball Club Porto Alegre. Alguns anos depois, em 18 de julho de 1909, o primeiro jogo contra o Sport Club Internacional, que mais tarde se tornaria o seu arquirrival, foi disputado, com vitória de 10 a 0 para os tricolores.
No ano seguinte, foi criada a 1ª Liga de Clubes de Porto Alegre, por ideia vinda do Grêmio. Posteriormente, foi realizado o Campeonato Citadino de Porto Alegre, o qual o Tricolor venceu ininterruptamente de 1911 a 1915. Mesmo amador, o clube já jogava contra equipes de outros estados, ou até mesmo países.
Na década seguinte, a hegemonia do clube continuou. O pentacampeonato metropolitano (1919-1923) e o título de três Campeonatos Gaúchos de 1921, 1922 e 1926, Os anos 1930 continuaram dando ânimo ao desenvolvimento do Grêmio. Conquistas como o tetracampeonato de Porto Alegre 1930 a 1933 e o bicampeonato gaúcho 1931 e 1932.
A Revista do Globo em 1932 exaltava o elenco do Grêmio tricampeão do Citadino de Porto Alegre.
Grenal Farroupilha
O auge de tal era foi 1935, com o famoso Grenal Farroupilha, nome dado, na verdade, ao campeonato citadino inteiro, por ocasião do centenário da Revolução Farroupilha. Ao ganhar do tradicional rival, o Tricolor sagrou-se campeão. Esta foi a última partida de Eurico Lara, que havia começado a jogar pelo clube em 1920, transformando-se em uma lenda do clube. Portanto, tal época proveu ao clube tanto títulos quanto o início da sua tradição e respeito.
Eurico Lara: o craque imortal
Nascido em 24 de janeiro de 1897, Lara começou sua carreira no futebol atuando como ponta esquerda. Mas chamando atenção por seus 1,90 de altura, não tardou para que Lara migrasse à posição de goleiro. E foi assim que o arqueiro se tornaria um dos maiores ídolos da história do Grêmio.
Eurico Lara já atraía admiração por onde passava por sua personalidade ética e íntegra. Somado à isso, suas defesas muitas vezes milagrosas foram parte fundamental das conquistas do Grêmio durante as 16 temporadas em que Lara vestiu a camisa do Tricolor Gaúcho. E a última dessas conquistas, seria a responsável por todas as lendas que cercam não somente a vida, mas também a morte de Lara.
Em 1935, o campeonato portoalegrense seria uma das competições mais aguardadas do Rio Grande do Sul. Além da final ser composta por uma das maiores rivalidades do Brasil, o Gre-Nal decisivo também coincidiria com o centenário da Revolução Farroupilha. Todos esses eventos contribuíram para uma atmosfera de misticismo e que se prolonga até hoje no imaginário dos gremistas.
Na ocasião do Campeonato Farroupilha, como ficaria conhecida a competição, Eurico Lara sofria de tuberculose. A recomendação médica era que Lara não atuasse mais como jogador, para preservar sua saúde e acelerar sua recuperação da doença que àquela época, ainda possuía um alto índice de letalidade. Além da tuberculose, conta-se que Lara também sofria de problemas cardíacos descobertos após um choque no peito sofrido em uma partida contra o Santos.
Mas Eurico Lara ignorou as recomendações médicas, e em 22 de setembro de 1935, naquele Gre-Nal decisivo, vestiria pela última vez a camisa do Grêmio. Eurico Lara faria naquela final uma de suas maiores atuações pelo Tricolor Gaúcho.
Não há registros de que Eurico tivesse um irmão, muito menos que jogasse pelo Internacional. Também não houve pênalti naquela partida. Contudo, o Grêmio foi sim campeão. Acabou vencendo a partida por 2 x 0, e Lara seria substituído ao fim do primeiro tempo. Mas devido a seus problemas de saúde, a saída do jogador não foi do campo para o vestiário, mas para o hospital, de onde só sairia após sua morte.
1954: eis que surge o Estádio Olímpico
Em 19 de setembro de 1954, o Grêmio inaugurou o seu maior projeto desde a sua fundação: o Estádio Olímpico. Com capacidade para 38 mil pessoas, ele tinha um só anel. O jogo inaugural foi realizado entre Grêmio e Nacional de Montevideo, vitória gremista por 2 a 0. Os gols foram anotados pelo atacante Vitor que entrou para a história por ter marcado o primeiro gol do estádio gremista.
Na metade do ano de 1980, o Estádio Olímpico teve sua construção concluída com o fechamento da última parte do anel superior. Desde então, a casa gremista passou a ser conhecida como Olímpico Monumental. Uma obra grandiosa erguida por uma torcida apaixonada. No dia 21 de junho de 1980, uma vitória de 1 a 0 sobre o Vasco da Gama em partida amistosa, marcou a inauguração do Olímpico concluído.
O Olímpico fechou suas portas oficialmente no dia 17 de fevereiro de 2013 na vitória de 1 a 0 sobre o Veranópolis, pela última rodada da Taça Piratini, primeiro turno do Campeonato Gaúcho. O zagueiro Werley, de cabeça, aos 22 minutos do primeiro tempo, foi o autor do gol da vitória, o último gol oficial anotado no Monumental.
Grêmio Hendecacampeão Gaúcho
Nos anos seguintes, o Grêmio disputou treze campeonatos e venceu doze. Conquistando o pentacampeonato Gaúcho e Metropolitano (1956 a 1960) e o heptacampeonato Gaúcho (1962 a 1968), sendo esta a maior sequência de títulos do Gauchão do clube. No Campeonato Gaúcho de 1956, bateu o Pelotas; nos anos seguintes, venceu na final o Bagé, o Guarany de Bagé e o Clube Esportivo Aimoré, respectivamente. O Campeonato de 1960 foi decidido em jogos entre quatro equipes (Grêmio, Pelotas, 14 de Julho e Nacional).
Primeiro jogador gremista a vestir a amarelinha
Em 1970, o Grêmio teve a primeira convocação de um jogador para a Seleção Brasileira em ano de título mundial. Everaldo foi convocado para o escrete e ganhou uma estrela na bandeira do tricolor. Após o início da década de 1970 contar com domínio do adversário em relação aos Campeonatos Gaúchos, o Grêmio conseguiu, em 1977, reverter a situação e voltar a ser campeão do estado, 9 anos após seu último título desse tipo. O Tricolor venceu o Internacional na final por 1 a 0, com gol de André Catimba e ficou com a taça. Este fato é tido como uma retomada do Grêmio, que culminou em grandes conquistas na década de 1980.
Década de 80
Em 1981, apesar de não ganhar o torneio estadual, o Grêmio teve o seu melhor ano desde a sua fundação: conquistou o Brasileirão, que contava, então, com quarenta e quatro times. A final foi em um jogo emblemático contra o São Paulo, no Estádio do Morumbi, em que o Grêmio fez 1 a 0, com um gol de Baltazar. A partir daí, o Grêmio iniciou uma época de ascensão.
Pode-se afirmar que, em termos de títulos, 1983 foi o melhor ano da história do clube. Neste espaço de tempo, o Imortal venceu a Taça Libertadores e o Mundial de Clubes, títulos inéditos para o Rio Grande do Sul. A primeira conquista foi feita em etapas: na primeira fase, o Tricolor foi campeão de seu grupo e “se vingou” (por causa do Brasileirão do ano anterior) do Flamengo, que não se classificou; na segunda fase, o time disputou um triangular com o Estudiantes de La Plata (com quem jogou a Batalha de La Plata, em que o time se viu obrigado a ceder o empate ao adversário depois de estar vencendo por 3 a 1, pela falta de condições de segurança) e com o América de Cáli; vencido o grupo anterior, a final estava desenhada contra o Peñarol, que foi batido por 3 a 2 no placar agregado (1 a 1 no primeiro jogo e 2 a 1 no segundo), com destaque para as atuações de Tita (que marcou o gol em Montevidéu), César (que fez o gol decisivo em Porto Alegre) e Renato Portaluppi que cruzou para o gol de Cesinha.
Com a vitória na Libertadores, o Grêmio se classificou para disputar o Mundial em Tóquio, contra o Hamburgo, da Alemanha, que havia ganhado a Champions League, vencendo a Juventus na final. Priorizando, a competição mundial, a equipe acabou ficando na terceira colocação do Gauchão daquele ano. O dia da grande partida da história do clube foi 11 de dezembro de 1983, e o local era o Estádio Olímpico de Tóquio. Após sair vencendo com um gol de Renato Portaluppi, o Tricolor cedeu o empate aos alemães nos minutos finais. O jogo, então, foi para a prorrogação. No tempo extra brilhou a estrela de Portaluppi, que, aos três minutos marcou o gol. Como não era morte súbita, o time ainda sustentou o resultado até o final do jogo e comemorou o título, o maior do clube.
Década de 90 e início dos anos 2000
Para 1993, Luiz Felipe Scolari, que já tivera uma passagem pelo clube, em 1987, foi contratado como treinador. Também em 1993, o time voltou à final de um campeonato nacional e foi vice-campeão da Copa do Brasil. No ano seguinte, o time de Felipão não deixou o título escapar, ao vencer o Ceará na final. O título deu direito ao clube de disputar a Copa Libertadores de 1995.
O time de Felipão contava com o ataque de Paulo Nunes e Jardel e Danrlei no gol, três dos principais jogadores do clube. O ponto alto, antes da final, foram os jogos contra o Palmeiras, pelas quartas de final: em Porto Alegre, 5 a 0 para os gaúchos e em São Paulo, 5 a 1 para os paulistas. O adversário nas semifinais foi o Emelec: em Guayaquil, empate de 0 a 0 e em Porto Alegre, 2 a 0 para os gaúchos. Na final, o adversário foi o Atlético Nacional, da Colômbia. Com uma vitória de 3 a 1 em casa e empate de 1 a 1 fora, o título ficou com o Maior do Sul.
Em 1996, o clube deu mais uma conquista a sua torcida: o segundo Campeonato Brasileiro, conquistado após derrota em São Paulo contra a Portuguesa de Desportos por 2 a 0 e vitória pelo mesmo placar em Porto Alegre, com um gol de Ailton, nos minutos finais de partida. Também em 1996, o Tricolor venceu a Recopa Sul-Americana, ganhando do Independiente por 4 a 1.
No ano seguinte, o título mais importante foi a Copa do Brasil, vencida contra o Flamengo (0 a 0 em casa e 2 a 2 fora).
Década de 10
Nos primeiros anos da Arena, havia grandes expectativas sobre a retomada de títulos importantes após um jejum que durava anos (desde de 2001). Para isso, a direção apostava em nomes experientes como Zé Roberto, Elano, André Santos, Hernán Barcos, Dida, todos com passagens pelas suas seleções, na tentativa de trazer títulos de expressão mas sem sucesso. De 2012 a 2015 pode-se destacar as boas campanhas no Brasileiro de 2013 ao se estabelecer na 2ª colocação final e na Copa do Brasil de 2013 e 2014, alcançando as semifinais. Também podemos citar a primeira vitória gremista em Grenais na Arena, pela goleada de 4 a 1 em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro de 2014 e também a maior goleada em Grenal por Campeonatos Brasileiros e do Século XXI, jogo que ficou conhecido como Grenal dos 5 a 0, no Campeonato Brasileiro de 2015.
No ano de 2017, em sua décima sétima participação em Copa Libertadores, o Grêmio alcançou o o terceiro título, com destaque para a defesa de Marcelo Grohe no jogo contra o Barcelona de Guayaquil pelas semifinais, que virou sensação na mídia mundial e comparada a defesa de Gordon Banks. Enfrentou o Lanús nos dois últimos jogos, clube do bairro de Buenos Aires e estreante em finais de Libertadores. Na primeira partida, Cícero marcou o gol que colocou o Grêmio em vantagem para a última partida em Buenos Aires. Na Argentina, sem temer a pressão dos mandantes chegou a abrir 2 a 0 no primeiro tempo com gols de Luan e Fernandinho. José Sand descontou de pênalti para os locais. Pedro Geromel historicamente se juntou a Hugo de León e Adílson Batista como capitães tricolores que levantaram a taça mais prestigiada da América.
Com a conquista da Copa Libertadores da América de 2017, Grêmio garantiu vaga na Copa do Mundo de Clubes da FIFA de 2017. O primeiro jogo, a semifinal contra o Pachuca do México terminou em 1 a 0 para o tricolor, com gol marcado aos acréscimos por Everton. O adversário da final foi o clube espanhol Real Madrid, 14 vezes campeão da Liga dos Campeões da UEFA e havia se classificado após vencer a Champions por 4 a 1 a equipe da Juventus e depois de eliminar o Al-Jazira nas semifinais por 2 a 1. O time madrileño foi a campo com a sua força máxima, jogadores que são atuais titulares em suas respectivas seleções nacionais e dono da FIFA Ballon d’Or de 2017, Cristiano Ronaldo. A equipe do Grêmio não pode contar com o destaque da Libertadores o jovem Arthur (por conta de lesão), Cícero (autor do gol da final na primeira partida) e Cristian por conta do regulamento da FIFA sobre transferências no Mundial.[56] Após resistir grande parte da primeira etapa com atuações sólidas dos defensores, em destaque para o capitão Pedro Geromel, Cristiano Ronaldo abriu o marcador aos 53 minutos em uma cobrança de falta. O jogo terminou 1 a 0 para a equipe de Madrid.