As lições que o Gre-Nal deixou para o Grêmio
A formação com os três meias para abastecer o ataque se mostrou efetiva novamente
O Gre-Nal 438 apresentou a Renato Portaluppi algumas lições. Mesmo com a vitória nos acréscimos, e a manutenção da invencibilidade na temporada, o Grêmio encontrou pontos positivos e algumas questões a corrigir após a vitória por 2 a 1 sobre o Inter. O principal ponto de afirmação nestes primeiros jogos de 2023 é a questão da escalação dos três meias. A lesão de Ferreira abriu espaço para que Vina, Cristaldo e Bitello mostrassem ao técnico que essa formação seria capaz de superar as defesas adversárias, mesmo sem a figura do ponta driblador.
A vitória conquistada nos minutos finais terminou dando mais justiça ao time que melhor soube encontrar soluções dentro de campo. Mas fica o alerta das dificuldades na marcação que quase custaram o resultado. Renato terá de encontrar uma forma de evitar os espaços para os adversários nesta reta final de Gauchão e nas próximas fases da Copa do Brasil.
A seguir, veja alguns ensinamentos que o clássico passou para o Grêmio.
O que deu certo
Aposta no trio de meias
O Gre-Nal era apontado como o teste mais importante para a versão do Grêmio sem pontas. A escalação do time sem Ferreira se mostrou capaz de manter a equipe com boa produção ofensiva. Mesmo sem um driblador para abrir as defesas adversárias, o time produziu muito com Vina, Cristaldo e Bitello para abastecer Luis Suárez no ataque.
Questionado sobre a estratégia, Renato indicou que o trio deve seguir junto para a sequência da temporada:
— Temos um grupo. Nem sempre iremos jogar com os mesmos jogadores. O importante é que tem uma briga boa pelas posições. Se o jogador rendeu, ele continua. Olho para o banco e tenho peças para mudar a partida, se precisar. Temos o plano A e o plano B.
O narrador da Rádio Gaúcha Gustavo Manhago avalia que a mudança tática é um acerto do técnico.
— A manutenção da escalação com um meio-campo recheado de jogadores que criam e pisam na área. A mudança de esquema surgida contra o Novo Hamburgo tornou o Grêmio um time muito mais confiável. Não era mais possível insistir numa formação com extremas que o grupo não tem — Manhago
Aprovado no teste
O início de calendário no futebol brasileiro costuma apresentar um dilema para quem analisa desempenho. O rendimento das equipes de maior investimento contra times do Interior é reflexo da qualidade superior ou da dificuldade do adversário? O Gre-Nal, no entanto, elimina esse cenário. Ainda mais quando o rival começou o ano credenciado pelo vice-campeonato brasileiro em 2022.
Para Renato, a campanha do Grêmio de 11 vitórias e apenas um empate é elemento suficiente de análise:
— Toda rodada me perguntam se era o teste final. Ninguém ganha jogo com a camisa.
O comentarista Paulo César Vasconcellos aponta que o rendimento do Grêmio no Gre-Nal é um bom indicativo do momento do Tricolor.
— A experiência positiva do Grêmio foi o fato de o Renato constatar que essa ideia de ter um time sem o ponta, mas com qualificação na troca de passes e que joga por aproximação é perfeitamente realizável. O adversário não era apenas o Inter como rival regional, mas o vice-campeão brasileiro.
Artilheiro no bolso
A atuação de Kannemann na marcação a Pedro Henrique mostra que o argentino segue como uma peça importante no Grêmio. Após um ano contra adversários de menor qualidade na Série B, e também no confronto regional, o atacante do Inter foi o adversário de maior potencial técnico. Renato afirmou após a partida que sua estratégia de manter a mesma equipe das últimas partidas, sem a entrada de mais marcadores, faz parte da sua crença de que o time está pronto para enfrentar qualquer rival.
— Minhas escolhas sempre foram para buscar a vitória. É muita gente boa. São dois bons jogadores por posição. Não vou armar minha equipe pelo local ou de acordo com o adversário. Preparo minha equipe para vencer.
Para o comunicador da RBS Hans Ancina, o zagueiro ainda tem muito valor no grupo do Grêmio.
— Walter Kanemann foi uma das boas notícias do Gre-Nal. Não tem mais a mesma forma física, mas sobra disposição e qualidade técnica, ainda mais no clássico.
O que deu errado
Lado direito
O lado direito da defesa do Grêmio foi o ponto mais explorado pelo Inter no Gre-Nal. Wanderson levou a melhor em boa parte dos confrontos no primeiro tempo. O problema persistiu por parte da segunda etapa. Apenas com a entrada de João Pedro é que o setor encontrou um pouco mais de equilíbrio.
Após a partida, em sua entrevista coletiva, Renato afirmou que optou por Fábio como titular por conta da questão física. João Pedro chegou ao Tricolor após quase oito meses sem jogar, e vinha de uma sequência de três partidas.
— Tive uma conversa com ele e com o João, que é um jogador que vem crescendo. Mas estava há oito meses parado. Então, temos de ter muito cuidado — explicou Renato.
Na opinião de Gustavo Manhago, a amostragem deste início de ano dá vantagem a João Pedro na disputa pela posição.
— Fábio de titular na lateral direita foi problemático. Desde que chegou ao Grêmio, ele não tem conseguido nem marcar bem, nem atacar com qualidade. A pequena amostragem de João Pedro já era merecida de vir acompanhada de uma titularidade.
Espaços na defesa
O gol de empate do Inter foi um dos poucos momentos que o time de Mano Menezes soube aproveitar um espaço que foi oferecido em parte da partida. A distância entre os volantes e a linha de defesa é um problema recorrente do Grêmio em 2023. A questão ainda exige a atenção da comissão técnica para corrigi-la.
Renato foi questionado sobre as lições para uma equipe em formação por buscar a vitória após o empate, que aconteceu por conta dessa dificuldade de marcação. O técnico, no entanto, minimizou as dificuldades.
— A equipe está sólida. Trabalhamos para vencer, e temos vencido. Tivemos um empate, e com uma equipe totalmente diferente. O trabalho está ótimo, na minha opinião.
O comentarista Paulo César Vasconcellos aponta que a questão precisa ser resolvida, mesmo que ainda não tenham custado resultados positivos em 2023.
— O Renato deve ter percebido que o setor defensivo, por conta do espaço entre meio e defesa, foi atacado. Não foram situações agudas, mas talvez tenha constatado a necessidade de uma compactação maior.
Opções de Renato
Thiago Santos acabou marcado pelo lance que originou o empate do Inter. O volante não completou nem um minuto em campo e o Grêmio cometeu uma série de desencaixes na marcação. Marcado pelo torcedor pelo rebaixamento, o volante segue em alta com a comissão técnica
O problema é que o restante dos gremistas não tem a mesma paciência que Renato com o jogador. Em sua entrevista coletiva, o técnico defendeu suas escolhas para o Gre-Nal.
— Sabia que o Mano não ia jogar da forma que vinha jogando, mas não foi por isso que mudamos. As escolhas foram certas. Não porque vencemos, mas é muita gente boa em cada posição.
Torcedor gremista, o comunicador Hans Ancina gostaria de ver Renato alterar a sua ordem de preferências para a posição.
— Precisamos urgentemente de uma reposição para o primeiro homem do meio-campo. A função do volante que marca bem precisa de mais um nome além de Villasanti e que não seja o Thiago Santos — afirmou.
Veja mais notícias do Grêmio, acompanhe os jogos, resultados e classificação além da história e títulos do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.