Grêmio a fábrica de volantes
A estreia de Mila na vitória sobre o Cuiabá, domingo (30), cumpriu um dos sonhos da família Müller. Reunidos no Restaurante Mila, em Três Passos, Edison e Simone estavam cercados por amigos e outros torcedores gremistas acompanhando os primeiros passos do filho Lucas Eduardo Müller, 20 anos, no caminho que ele tanto sonhou em trilhar. Com a camisa do Grêmio, o meia convertido em volante se apresentou para a torcida em sua estreia como profissional pelo clube do coração.
O futebol corre no sangue da família Müller. Edison era goleiro, jogava em equipes da região de Três Passos e viu dois filhos trilharem caminho parecido. Luís Fernando Müller, 25 anos, é atacante e defende o Ceilândia-DF. Lucas adotou o apelido da família – Mila – e fez sua estreia como profissional do Grêmio na terceira rodada do Brasileirão. O volante foi a surpresa da escalação de Renato Portaluppi e deixou boa impressão.
Com a palavra Renato
— O Mila é um garoto que tenho observado bastante, treina com a gente e desce para jogar no sub-20 quando tem partida. Cometeu falhas normais pela idade. Só saiu por ter o amarelo, já que o adversário estava pressionando — analisou Renato
A expectativa de ver o filho realizar o sonho da estreia como profissional pelo Grêmio veio também com um fardo. Os pais Edilson e Simone precisaram combater a ansiedade e guardar o segredo da escalação como titular contra o Cuiabá. Uma ligação depois do meio-dia de sábado (29), véspera da partida, informou aos pais da notícia.
— É um menino muito focado. Respira dia e noite o futebol. Vai chegar longe. É um sentimento único para um pai. Sabemos que é muito difícil, precisa ter muita persistência para vencer no futebol. Ele saiu de casa com 14 anos, é uma recompensa ver ele experimentar esse momento — disse Edison, ontem, em contato com GZH.
O caminho até chegar ao Grêmio passou, inclusive, pelo grande rival. Luís, o irmão mais velho, era um atacante promissor em formação no Beira-Rio. Passou cinco anos na base colorada, o que também abriu as portas para Mila no clube. No pouco tempo em que defendeu o Inter, o agora volante do Grêmio chamou atenção em um clássico. Ainda escalado de forma mais ofensiva, marcou um gol em um Gre-Nal válido pela categoria sub-11. Quando o irmão Luís deixou o clube, Mila voltou para casa. Defendeu o Três Passos e entrou no radar do Grêmio.
O jovem foi convidado e, em 2018, aceitou a mudança novamente para Porto Alegre.
— Mila chegou como meia. Um jogador que queria a bola no pé e foi se transformando em volante. Ganhou intensidade. Vimos um potencial técnico e fomos descobrindo o marcador. Víamos um jogador nele, mas fomos identificando aos poucos que tipo de jogador ele seria. Em uma excursão ao Uruguai com a categoria sub-15, foi escalado como volante, e ele cresceu — comentou Francesco Barletta, coordenador geral das categorias de base do Grêmio.
Mila é mais um exemplo de um processo que virou aposta na base do tricolor. O clube tem retrospecto recente de sucesso em transformar jogadores acostumados a atuar mais avançados em volantes, combinando a qualidade técnica dos jovens com um perfil de conduta. Arthur, Matheus Henrique e Bitello são os exemplos mais recentes da política.
As ausências de Carballo e Villasanti mantêm as chances de Mila seguir como titular neste domingo (7), diante do Bragantino. Pepê também deve seguir de fora da escalação inicial para o jogo da Arena. Assim, cresce a chance de o menino de Três Passos fazer a sua estreia em frente ao torcedor.
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