Grêmio e Inter chegam para o jogo muito longe de seus melhores dias
A régua baixou. Como consequência, a expectativa também. O que sustenta esse Gre-Nal 439 é a carga histórica e a mística carregada pelo clássico. Nem Grêmio, nem Inter, gostariam de se enfrentar agora.
Há muito trabalho a fazer em ambos os lados. Há correções a serem implementadas por Renato, e uma reorganização urgente a ser conduzida por Mano. Por tudo isso, teremos na Arena, no começo da noite deste domingo, o Gre-Nal da desconfiança.
As duas torcidas olham arrevesadas para o que os dois times entregam neste começo de Brasileirão. Um precisa revisar seu conceito de jogo. O outro, criar um novo. Um carece de intensidade e conta os dias para a aberura da janela. O outro carece de ânimo para sair da espiral negativa em que se enfiou.
Tudo isso mostra que Grêmio e Inter chegam para o clássico muito longe de seus melhores dias. Mas se trata de um Gre-Nal, e só ele tem a capacidade de proporcionar um giro de 180ºC e resgatar o brilho perdido em uma sucessão de resultados ruins.
O Grêmio não vence há quatro jogos. O Inter só perde há quatro jogos. Os resultados são reflexo de dificuldades técnicas que gritam no campo. Renato imaginou em abril que o modelo de controle seria suficiente para um Brasileirão marcado por um futebol cuja intensidade impressiona nas rodadas iniciais. Precisa mexer na estrutura. Porém, segue preso à ideia que deu certo nos tempos dourados. Essa fixação turva a vista e impede de olhar o time por um prisma diferente, com desenho e conceitos diferentes.
O Inter, por sua vez, viu se esgotar a ideia que deu muito certo em 2022. Foram poucos e específicos momentos que aquele futebol do ano passado reapareceu. O primeiro tempo contra o Caxias, na fase classificatória, os 30 minutos iniciais contra Nacional e Athletico-PR e nada além disso.
O Inter se repete em si mesmo e desmorona. A parte técnica cria dificuldades físicas, e vice-versa, e ambas impactam no aspecto mental. Percebe-se um time sem ânimo, perdido no labirinto que ele mesmo criou.
O momento exigirá de Mano um choque de gestão. Quem sabe trocar peças e a ideia de jogo. Talvez trocar o desenho e criar uma ideia diferente, como fez naqueles clássicos de 2006 e 2007, quando mandou o Grêmio a campo com laterais numa segunda linha de quatro.
É bem possível que esse Gre-Nal seja marcado por manobras radicais dos seus técnicos. Mesmo ele sendo, por características, convictos em seus princípios e apegados às suas ideias. Seria a surpresa de um clássico cujo roteiro ninguém consegue prever.
Ou temos essas guinadas ou ficaremos dependentes da genialidade de Suárez e da classe de Alan Patrick. São eles os caras que podem salvar um Gre-Nal que, até a bola rolar, se sustenta apenas pela história que carrega.
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