Grêmio iniciou partida com três zagueiros pela primeira vez na temporada
No primeiro jogo após a conquista do hexacampeonato gaúcho, o técnico Renato Portalupppi apresentou uma novidade tática para enfrentar o ABC, em Natal, pela ida da terceira fase da Copa do Brasil.
O treinador mandou o Grêmio a campo com uma formação com três zagueiros pela primeira vez na temporada. A equipe teve dificuldade para gerar volume ofensivo no primeiro tempo, mas cresceu na etapa final com uma maior chegada dos volantes ao ataque. O Desenho Tático de GZH analisa como funcionou o Grêmio na nova formação.
Em Natal, Renato não contou com os uruguaios Luis Suárez e Carballo, poupados por desgaste físico. Com Diego Souza lesionado e André Henrique recém-chegado, o treinador optou por escalar Vina como homem mais adiantado.
Na defesa com três homens, Bruno Uvini atuou pelo lado direito, Bruno Alves foi o central e Kannemann ocupou o lado esquerdo. Os laterais João Pedro e Diogo Barbosa tiveram a missão de fechar uma linha de cinco na fase defensiva.
No meio-campo, Lucas Silva e Villasanti iniciaram formando uma dupla de volantes, com Bitello e Cristaldo sendo os meio-campistas mais próximos de Vina.
Com bola, o Grêmio iniciou posicionado em um 3-4-2-1. Sem posse e em linhas baixas, a equipe defendia em 5-4-1. A formação inicial durou apenas 20 minutos porque Lucas Silva sentiu lesão e precisou ser substituído. Nesse momento, o Grêmio encontrava dificuldades para ocupar o campo de ataque e Renato optou pelo atacante Zinho para substituir Lucas Silva. O garoto entrou como um dos três homens ofensivos e Bitello foi recuado para ser o companheiro de Villasanti na dupla de volantes.
O Grêmio seguiu com dificuldades ao longo do primeiro tempo. O Grêmio foi para o intervalo com uma posse de bola de 40% — sua menor em uma primeira etapa na temporada — e finalizou cinco vezes, mas apenas uma delas no alvo.
Renato explicou que a decisão de jogar com três zagueiros se deu pela qualidade ofensiva do ABC na bola aérea. Com Bruno Uvini ao lado de Bruno Alves e Kannemann, ele procurou ganhar força pelo alto. O treinador, porém, admitiu as dificuldades por não ter conseguido treinar a equipe com a formação definida por ele como “Plano C”.
— Me passaram as informações do ABC, que era um time alto e buscava a bola parada. Procurei espelhar. Ter mais um homem alto na área. O plano C, mesmo sem tempo para treinar, deu certo. Não estivemos bem no primeiro tempo, mas conversamos e melhoramos. Falei para jogarmos com coragem. Aqui é difícil de jogar, eram 32 jogos invictos. Conseguimos um bom resultado fora de casa na Copa do Brasil — analisou.
Volantes mais avançados no segundo tempo
Essa coragem citada por Renato no segundo tempo veio por um adiamento das linhas da equipe. Como o ABC atuava com apenas um atacante centralizado, o centroavante Felipe Garcia, não havia necessidade de manter três defensores presos atrás.
Walter Kannemann, então, foi liberado para deixar a última linha e sair para perseguir adversários à frente dos outros zagueiros. Esse movimento permitiu que os volantes gremistas pudessem atuar mais adiantados na etapa final. No setor ofensivo, Renato centralizou Cristaldo como meia e fez Vina cair mais pelo lado direito.
Mapa de calor de Villasanti mostra maior movimentação ofensiva:
Villasanti esteve mais no campo defensivo no primeiro tempo (esquerda) e chegou mais ao ataque na etapa final (direita)
O primeiro gol gremista veio exatamente como consequência dessas mexidas. Vina caiu pela direita para fazer o cruzamento e Villasanti, de maior liberdade, apareceu na área como se fosse um centrovante para cabecear.
O placar foi completado com um gol de Bitello em uma jogada originada de um escanteio, mas que simbolizou a maior presença ofensiva que os volantes tiveram no segundo tempo, determinante para o Grêmio conquistar a vitória e a vantagem confortável para a partida de volta na Arena.
No segundo tempo, o Grêmio não teve grande aumento na posse de bola, ficou em 44%, mas cresceu seu volume com oito finalizações, sendo quatro no gol. Renato teve no Gauchão o que definiu como Planos A e B, ambos no 4-2-3-1, mas um tendo um atacante de velocidade pela esquerda e outro com três meio-campistas (Bitello, Vina e Cristaldo) atrás de Suárez.
O Plano C visto em Natal ainda carece de ajustes para o funcionamento contra adversários de maior nível, mas o segundo tempo indicou caminhos para Renato aprimorar essa formação.
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